Trabalho entre Cecav, universidades e prefeitura do município potiguar pretende ordenar visitação em cavernas.
A paisagem do semiárido da Caatinga guarda muitas riquezas a serem descobertas. No município de Felipe Guerra, no Rio Grande do Norte, uma expedição realizada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav/ICMBio), entre os dias 9 e 13/09, teve como objetivo dar continuidade ao trabalho de identificação e ordenamento de cavernas com potencial turístico. Objetivada pelo Governo Municipal, à frente o Prefeito Salomão Gomes, a atividade visa promover uma visitação com impacto mínimo tanto para o meio ambiente quanto para seus visitantes, nesse cenário que se tornou um dos locais de destaque no Brasil, no que diz respeito ao patrimônio espeleológico.
O analista ambiental do Cecav, Diego Bento, conta que as pesquisas nas cavernas da região ocorrem desde os anos 2000 e que todas esses estudos estão sendo compilados junto às informações de outros parceiros que tiveram interesse nas pesquisas, como no caso da Universidade Federal de Lavras (UFLA), que realizou parte do inventário biológico, Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), que realizou os estudos de microclima, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que fez os levantamentos de quirópteros (morcegos) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que tem pesquisas em andamento sobre os fungos das cavernas.
Todo esse material fará parte do Plano de Manejo Espeleológico, que de acordo com Diego “tem como objetivo principal permitir que as cavernas sejam usadas turisticamente, mas com menor impacto ao meio ambiente e maior segurança possível ao visitante”. Entre as atividades realizadas pelo Cecav, estão o levantamento de invertebrados cavernícolas, que apontam as espécies existentes, sua importância e estado de conservação, e localização de espécies sensíveis, que muitas vezes são endêmicas da caverna e podem ser impactadas por um turismo mal manejado. “Se tem uma espécie que é sensível à presença humana ou ocorre em um piso e pode ser pisoteada, isso vai restringir o acesso da visitação àquele local da caverna. Espécies de aranhas peçonhentas, cobras, morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue), tudo isso tem que ser levado em consideração, não só pelo impacto às populações naturais, como também pelo impacto ao turista”, observa o analista ambiental.
A expedição ocorreu após uma série de estudos, e nessa etapa de trabalho foram mapeados os possíveis locais de visitação e discutidas as intervenções que deverão ser feitas para segurança do turista e conservação do ambiente subterrâneo. O município de Felipe Guerra possui atualmente 351 cavernas catalogadas, três delas foram escolhidas, devido ao potencial turístico, apelo visual e estágio avançado dos estudos necessários ao ordenamento espeleoturístico. São elas: Carrapateira, Crotes e Catedral, todas no lajedo do Rosário. Entre as intervenções possíveis, há inclusive a possibilidade de estruturas para permitir o acesso de pessoas com deficiência visual na gruta da Carrapateira.
Todas essas informações foram apresentadas em reunião entre a equipe do Cecav e o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Eventos e Vice-Prefeito do município, Ubiracy Pascoal e o Secretário Municipal de Educação, Prof. Luiz Agnaldo. De acordo com Ubiracy, a parceria com o Cecav traz uma grande contribuição ao turismo dessa região que “possui um enorme potencial turístico, com um roteiro diverso envolvendo, além das cavernas, balneários, cachoeiras (durante a estação chuvosa), patrimônio histórico e as histórias da Rota do Cangaço”.
Com informações do Núcleo de Comunicação do Cecav.
Fotos: Diego Bento
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