Odorico Ferreira Neto usou “laranjas” em associação e desviou verbas que deveriam servir para atendimento a idosos em situação de pobreza |
Uma
ação do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN)
resultou na condenação do ex-vice-prefeito e ex-secretário de Ação
Social de Santa Cruz, Odorico Ferreira de Souza Neto, além de Maria de
Fátima Araújo de Barros e Marlene Claudete Dantas, por desviarem
recursos destinados à Associação Comunitária do Umbuzeiro. Os três já
apelaram da decisão.
Os
recursos foram repassados em 2003 pelo Ministério do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome para serem usados em um programa de atendimento à
pessoa idosa em situação de pobreza. Fiscais da Controladoria Geral da
União (CGU) verificaram que alguns cheques foram emitidos em nome da
então tesoureira da associação, Marlene Dantas, sacados na “boca do
caixa” e depositados na conta do então secretário, apontado como
“presidente de fato” da entidade, embora Maria de Fátima Araújo fosse
oficialmente a ocupante do cargo.
A ação
de improbidade ajuizada pelo MPF aponta que dos R$ 23.814 repassados,
constatou-se que R$ 7.376,05 foram depositados na conta de Odorico
Ferreira Neto, com o auxílio das demais envolvidas. Além disso, foram
observadas rasuras nas datas das notas fiscais e recibos utilizados na
prestação de contas apresentada ao Governo Federal, para tentar
justificar os gastos.
Depoimentos
da ex-tesoureira e da ex-presidente, bem como de pessoas ligadas à
associação, apontaram que ambas agiam em nome de Odorico Ferreira Neto,
que não só comandava a entidade, como também a representava perante a
população. “Não restam dúvidas, portanto, de que Odorico Ferreira de
Souza Neto era o responsável pela administração e pela contabilidade da
Associação Comunitária do Umbuzeiro - ACU, de modo que as condutas
imputadas na inicial às demandadas também lhe devem ser atribuídas”,
destacou a juíza federal Gisele Leite, em sua decisão.
Um
laudo demonstrou que as notas e recibos utilizados para comprovar os
gastos do programa foram adulterados, tendo alguns deles sido emitidos
em 2001, 2002 e 2004, embora os gastos tenham sido realizados no
exercício de 2003. A magistrada concluiu pela “certeza de que, dos
R$23.814,00 liberados em favor da ACU, e devidamente sacados da conta do
convênio, R$7.376,05 foram desviados em prol de Odorico Ferreira”.
O
ex-secretário foi condenado à perda dos valores acrescidos ilicitamente
ao seu patrimônio (R$ 7.376,05 a serem corrigidos); perda da função
pública que eventualmente exerça; suspensão dos direitos políticos por
oito anos, a contar do trânsito em julgado; pagamento de multa
equivalente a R$ 14.752,13; e proibição contratar com o poder público
pelo prazo de seis anos.
Maria
de Fátima Araújo e Marlene Dantas foram condenadas ao ressarcimento do
dano, solidariamente; à suspensão dos direitos políticos por oito anos, a
contar do trânsito em julgado da sentença; a pagamento de multa; e
proibição de contratar com o poder público por cinco anos. O processo
tramita na Justiça Federal sob o número 0002170-37.2010.4.05.8400.
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