O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato do PSDB à Presidência
da República, afirmou que o governo federal precisa decidir qual versão,
afinal de contas, é a oficial na lambança com a refinaria de Pasadena,
no Texas — aquela sucata comprada dos belgas por US$ 1, 180 bilhão e
pela qual os vendedores haviam pagado míseros US$ 42,5 milhões. Sim,
caros leitores, nem a presidente Dilma, que autorizou a compra era
apenas a ministra Dilma, acha a operação defensável. Tanto é assim que,
em nota oficial, afirmou que só concordou porque ignorava os termos do
contrato. Vai mais longe: diz que, se soubesse, não teria aprovado.
Pois
é… Acontece que, ao dar essa desculpa, a presidente faz o óbvio:
admite, de forma não explícita, a irregularidade e joga uma sombra de
suspeição sobre o governo Lula e sobre José Sérgio Gabrielli,
ex-presidente da Petrobras. Este, aliás, que hoje é secretário do
governo Jaques Wagner (outro conselheiro que disse “sim” à lambança), já
andou afirmando a jornalistas que não aceita ser bode expiatório. Ele,
na verdade, continua a defender a compra.
A Petrobras, diga-se,
procurada pela imprensa, também havia decidido afirmar que tudo tinha
sido regular e nos conformes. Dilma não gostou. Reuniu seus
“universitários” para elaborar a tal versão do “eu não sabia”. Aí as
coisas se enrolaram de vez: ela diz uma coisa, e a empresa, outra.
Como
se sair dessa? Para defender que uma refinaria que valia US$ 42,5
milhões tenha sido comprada por US$ 1,18 bilhão — e sem que tenha
refinado uma gota de óleo desde 2006, dando um prejuízo operacional
permanente —, é preciso ter uma cara de pau gigantesca. Não que o
governo Dilma não consiga. Essa gente faz coisa do arco da velha. É
capaz até de contratar mão de obra escrava e chamar isso de redenção
humanista. Ocorre que o governo está com receio da investigação
conduzida pelo Ministério Público e pelo TCU. Como justificar? A
aritmética elementar não deixa.
Não só isso! Quando jornalistas
tentavam saber dados sobre a empresa, suas perguntas eram expostas num
blog e submetidas ao ridículo, como se a imprensa, ao cumprir a sua
missão, estivesse cometendo alguma impropriedade. Como esquecer que, no
governo Lula e sob a gestão Gabrielli, com a anuência de Dilma,
chegou-se a declarar a auto-suficiência? Autossuficiência? O déficit da
conta petróleo em 2013 foi de R$ 20 bilhões!
Mais: impôs-se a uma
Petrobras alquebrada o peso do regime de partilha na exploração do
pré-sal e se transformou a empresa na âncora de contenção da inflação, o
que a conduziu à beira do abismo. A incrível compra da refinaria de
Pasadena é só mais uma agressão ao bom senso, à prudência, à boa gestão
e, obviamente, à moralidade.
Por Chico Costa
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