O Mossoroense: O senhor atua na área
policial há bastante tempo. Contenos um pouco sobre sua experiência nesse ramo.
Otoniel Maia:Eu comecei na rádio Difusora,em 1970,fazendo três
programas como disk-joquei, o que hoje seria o apresentador, sendo que o disk-joquei
tinha mais liberdade, mantinha um contato direto com o ouvinte. No mesmo ano
fui para a rádio Tapuyo apresentar um programa só aos domingos. Lá existia um
programa policial comandado por J.Belmont,e quando ele saiu eu continuei o
programa,o Patrulha na Cidade. Fiquei na Tapuyo durante trinta anos, depois voltei
para a Difusora para apresentar o Cidade Aflita. Na sequência, fui para a rádio
Libertadora fazer um programa em cadeia com a rádio do Apodi, um programa
policial também.
OM: Como surgiu esse interesse pela área
policial?
Otoniel Maia:Eu fui subdelegado de polícia nomeado pelo
secretário de Segurança Pública, em1966. O subdelegado assumia no lugar do
delegado, que na época era o sargento de polícia, e quando ele viajava quem assumia
era eu. Por conta disso, eu sempre gostei de polícia. É tanto que hoje eu tenho
três filhos policiais.
OM: Nós podemos afirmar que os momentos
mais marcantes da sua carreira profissional foram as entrevistas que o senhor
fez com o temido Valdetário Carneiro?
Otoniel Maia: É verdade, porque eu era o único repórter do Rio
Grande do Norte a quem Valdetário dava entrevista.Foram pelo menos seis
entrevistas.Teve uma,inclusive,que foi reprisada a pedidos, e o superintendente
da polícia no RN ligou para mim, e perguntou: “Essa entrevista é ao vivo,onde é que o homem está?” E
eu respondi: Quem tem que procurar bandido é a polícia, não sou eu não doutor”.
Eu encontrei com Valdetário várias vezes, à noite, de madrugada, fui atrás dele
na Paraíba, nós passávamos a noite bebendo juntos. Ele só confiava em mim.
OM: Por quê?
Otoniel Maia: Primeiro pelo parentesco com Dr. Benevides, que era
meu primo, por isso Valdetário depositava toda a confiança em mim. Lembro que uma
vez vieram me buscar, de uma hora da manhã, em casa, para fazer uma entrevista
com ele, e fui informado que o bando dele assaltaria o banco de Apodi, e
assaltaram dois bancos. Normalmente, eu tinha conhecimento de quase tudo, porque
eu transmitia muita confiança.Nunca tive medo de Valdetário, pelo contrário,
tinha uma grande amizade com ele, era um amigo.
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